Transações de alta frequência perdem apelo
Por Annie Massa e Charlotte Chilton – 14/07/2017
As empresas que faziam transações em alta velocidade colocaram o pé no freio. Apesar das críticas de que as transações em alta frequência davam vantagens injustas em relação aos demais participantes do mercado, o segmento está gerando menos retorno.
Um motivo é a pouca turbulência no mercado dos EUA – um desafio para “traders” de alta frequência e outros formadores de mercado por restringir a volatilidade e o volume de negócios, limitando lucros. “Não vai voltar. Por alguns anos após a crise, as pessoas estavam negando a realidade e tocaram seus negócios como sempre. Não vai voltar para aquele nível, as pessoas têm de aceitar isso”, diz Richard Johnson, analista da Greenwich Associates.
O quadro criou uma crise de identidade. Firmas como a Virtu Financial buscam novos negócios e outras saíram totalmente do mercado. Uma estatística resume bem a situação: os formadores de mercado para ações dos EUA geraram US$ 7,2 bilhões em receita em 2009 e somente US$ 1,1 bilhão no ano passado, de acordo com o Tabb Group.
Essa batalha é importante porque os formadores de mercado ajudam investidores a comprar e vender ativos quando querem. A vanguarda da formação de mercado é a transmissão de dados em alta velocidade – por cabos submarinos de fibra ótica e micro-ondas que cruzam continentes.
No passado, a formação de mercado era realizada por gente que disputava lugar no pregão. A Virtu, que negocia mais de 12 mil instrumentos financeiros em 235 mercados ao redor do mundo, é líder em negociação automatizada, mas fechou uma aquisição que pode transformá-la. A Virtu está comprando por US$ 1,3 bilhão a concorrente KCG Holdings, que tem cinco vezes mais funcionários.
Os ganhos da Virtu caíram de seu patamar mais alto, com o lucro líquido recuando para US$ 158 milhões no ano passado de US$ 197 milhões em 2015. As ações são negociadas abaixo do preço da oferta inicial de US$ 19.
Negociadores de alta frequência usam tecnologia avançada para executar ou cancelar transações. Regulamentos introduzidos no início da década de 2000 empurraram o mercado acionário dos EUA para o universo eletrônico e essa estratégia rendeu frutos. Porém, o custo de gestão de redes complexas aumentou à medida que passaram a incluir gastos com torres de micro-ondas e com dados exclusivos vendidos pelas bolsas.
Algumas firmas reconhecem que o retorno está diminuindo na corrida pelas redes mais rápidas. “As transações baseadas apenas em velocidade estão sendo comprimidas pelos dois lados – pelo aumento do custo da infraestrutura e pela baixa volatilidade, que oferece menos recompensa para o mais rápido”, disse Eric Pritchett, da Potamus Trading, firma especializada em alta frequência.
A compressão também leva as firmas a procurar novas fontes de receita. Os executivos “precisam apresentar ideias fora da caixa”, disse Ari Rubenstein, cofundador da Global Trading Systems, concorrente da Virtu.